Eduardo Tolentino

Fundador e diretor do Grupo Tapa

“Não existem profissionais competentes na área de produção cultural. Não adianta vir um administrador tentar implantar no teatro uma coisa teórica que ele aprendeu. Produtor se forma dentro da companhia de teatro.”

Entrevista gravada no dia 17 de maio de 2010 no estúdio Cine & Vídeo, em São Paulo.

Eduardo Tolentino de Araújo é diretor de teatro. Fundou o grupo Teatro Amador Produções Artísticas (Tapa), em 1979, no Rio de Janeiro, e desde então já trabalhou com cerca de 600 atores. A pesquisa do grupo é marcada pela busca de uma dramaturgia nacional e pela montagem de clássicos do teatro, como “Viúva, Porém Honesta” (1983), de Nelson Rodrigues, “A Mandrágora” (1986), de Maquiavel, “Nossa Cidade” (1989), de Thornton Wilder, e “A Moratória” (2008), de Jorge Andrade, entre muitas outras. O Tapa se notabilizou nos anos 1990, já com sede em São Paulo (cidade em que se mantém até hoje), com o projeto Panorama do Teatro Brasileiro, que já teve segunda edição em 2010, o Panorama do Teatro Brasileiro – 2ª Geração. Em 30 anos de trabalho, Tolentino recebeu diversos prêmios e é responsável pela formação de uma geração de atores.

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Algumas produções de que participou

"A Moratória" (2008)"O Ensaio" (2008)"Retratos Falantes II" (2009)
Três montagens recentes do Grupo Tapa: “A Moratória” (2008), “O Ensaio” (2008) e “Retratos Falantes II” (2009)

Trechos da entrevista

“Eu aconselharia qualquer ator a fazer uma universidade para ampliar a sua cultura geral, mas não fazer uma universidade de teatro, sobretudo porque o programa do MEC não é compatível com artes cênicas, porque aqui existe uma mistura entre licenciatura e bacharelado que gera um programa aberrante. O que é permitido para um estudante de medicina não serve para a área de teatro e vice-versa – e nós temos uma unificação programática que não é compatível, de forma alguma, com a formação de um ator.”

“Entre 1994 e 2001, eu fiz 16 peças brasileiras. Eu acho que é um bom número, e a maior parte do repertório do Grupo Tapa é brasileiro. Agora mesmo a gente vai lançar um autor, que é o Helio Sussekind, que é um ator contemporâneo. Então eu sou muito preocupado com a dramaturgia brasileira, mas eu não sou um ufanista. Eu acho que é muito importante a gente fazer a dramaturgia brasileira, até para entender o Brasil e a gente se entender no meio disto, mas não acho que a nossa dramaturgia seja a melhor do mundo.”

Palavras mais faladas na entrevista

Para que se tenha uma ideia do que foi dito e destacado pelo entrevistado, utilizamos um sistema de visualização chamado “Nuvem de Palavras”. Quanto mais vezes uma palavra é dita, maior ela aparece.

Palavras mais faladas

O que já disseram sobre ele

“Nenhum outro grupo de teatro do Brasil teve a coragem, a determinação e as condições que teve o Tapa. O grupo correu o risco de montar peças que poderiam ser desprezadas pelo público e pela classe artística; correu o risco de amargar grandes prejuízos (e amargou), pois não considerou o modismo do mercado; correu o risco de suas montagens serem taxadas de datadas, e algumas o foram. O Tapa acreditou que o projeto Panorama do Teatro Brasileiro viria preencher uma lacuna gerada pelo nosso próprio teatro e investiu tudo, chegando a manter seis peças em cartaz, ao mesmo tempo. Foi o momento de maior produtividade do grupo.”
Maria Everalda Almeida Sampaio, pesquisadora, em sua dissertação de mestrado (2003) http://www.itaucultural.org.br/aplicexternas/enciclopedia_teatro/index.cfm?fuseaction=cias_biografia&cd_verbete=918

“Em parte, o prestígio do Tapa no panorama do teatro brasileiro deve-se à alta definição do projeto artístico do grupo. Trabalhando sobre textos dramáticos de qualidade excepcional e explorando as conexões entre estilos consagrados e formalizações contemporâneas, o repertório do grupo, visto em perspectiva, converge para um núcleo ideológico onde o tema central é a responsabilidade do indivíduo na ordenação social. No tratamento cênico dado à literatura dramática do passado, o grupo tem procurado evidenciar não só a beleza das obras que permanecem como um patrimônio venerável, mas o modo como registram condições de vida que não conseguimos superar, ainda que os autores do passado as tivessem considerado, no tempo da escritura, estados contingentes da sociedade e da história.”
Mariângela Alves de Lima, crítica teatral, no jornal O Estado de S. Paulo (2003)
http://www.itaucultural.org.br/aplicexternas/enciclopedia_teatro/index.cfm?fuseaction=cias_biografia&cd_verbete=918

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