Chacal

Poeta

“A palavra, seja ela cantada, escrita e tal, sempre me encantou muito, talvez por ela ser som e sentido, ela tem essa ‘dupla personalidade’ que me interessa.”

 

Vídeo indisponível.

 

Entrevista gravada no dia 18 de abril de 2010 no estúdio Cine & Vídeo, em São Paulo.

Chacal é o apelido do poeta carioca Ricardo de Carvalho, também escritor, cronista e letrista, nascido em 24 de maio de 1951. Publicou seu primeiro livro de poesia, “Muito Prazer, Ricardo”, em 1971. Passou a integrar a coleção literária “Vida de Artista”, com Cacaso, Eudoro Augusto, Francisco Alvim e, mais tarde, entre 1976 e 1977, foi membro do grupo Nuvem Cigana. Co-escreveu as peças teatrais “Aquela Coisa Toda”, com o grupo Asdrúbal Trouxe o Trombone, e “Recordações do Futuro”, com o grupo Manhas & Manias. Trabalhou como cronista do Correio Brasiliense e da Folha de S. Paulo, e como roteirista da TV Globo. É um dos criadores do Centro de Experimentação Poética (CEP 20000). Sua obra poética inclui “Nariz Aniz” (1979), “Boca Roxa” (1979), “Comício de Tudo” (1986) e “Letra Elétrika” (1994).

Blog: chacalog.zip.net

Twitter: @chacal

Alguns livros e poemas de Chacal

'Muito Prazer, Ricardo' (1971)

'Belvedere' (obra completa) (2007)Papo de Índio (1971)
veiu uns ômi de saia preta
cheiu di caxinha e pó branco
qui eles disserum qui chamava açucrí.
aí eles falarum e nós fechamu a cara.
depois eles arrepetirum e nós fechamu o corpo.
aí eles insistirum e nós comemu eles.

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Trechos da entrevista

“Essas memórias vão fechar um ciclo da minha vida dentro da poesia, a minha participação em diversos movimentos alternativos, principalmente no Rio de Janeiro. Então começa com a poesia em mimeógrafo, ‘A Nuvem Cigana’, a poesia marginal, o ‘Asdrubal trouxe o Trombone’, no teatro, que eu escrevi para eles, o Circo Voador, a Blitz, e vem para os 120 mil. Por isso que é uma história à margem, são movimentos que são e foram muito importantes na história artística do país, mas são sempre considerados meio à margem.”

“Agora a arte – eu sei mais ou menos o que é – é educação. E você separar uma coisa da outra é você fazer arte de entretenimento, que pode ser uma educação, mas não é o foco, acho que toda a boa arte está educando e toda boa educação está ensinando a criança a criar, potencializando a criatividade que a criança tem.”

Palavras mais faladas na entrevista

Para que se tenha uma ideia do que foi dito e destacado pelo entrevistado, utilizamos um sistema de visualização chamado “Nuvem de Palavras”. Quanto mais vezes uma palavra é dita, maior ela aparece.

Palavras mais faladas

O que já disseram sobre ele

“Poderíamos mesmo definir o estilo marginal a partir da presença renitente da invenção poética na prática da produção, divulgação e comunicação de seus produtos. Em tempos de ‘milagre econômico’ e profissionalização de nossas empresas editoriais, os poetas marginais optaram pela produção ‘doméstica’ e pela comercialização independente.”
Heloísa Buarque de Hollanda, crítica literária, no artigo “A Poesia Marginal” (sem data)

http://www.heloisabuarquedehollanda.com.br/?p=559

“O ano era 1975. Em plena ditadura militar. Os poetas Chacal, Ronaldo Bastos, Bernardo Vilhena, Ronaldo Santos, Charles Peixoto e Guilherme Mandaro, convidados pelo dono da lendária livraria Muro para organizar uma semana de artes, pensaram em tudo: exposições, música, filmes. Mas o próprio ofício deles tinha como única alternativa o já batido varal poético. Começada a apresentação de um trabalho audiovisual do artista Carlos Vergara sobre o bloco carnavalesco Cacique de Ramos, Chacal, depois de umas dose de alert limão — um drinque que até hoje tem uma fórmula desconhecida – entra na frente das imagens dos integrantes do bloco e recita ‘Papo de índio’. Outros poetas entraram na onda e essa acabou sendo a primeira “artimanha” da Nuvem Cigana, grupo que modificaria a maneira de se trabalhar a poesia dando a ela não apenas páginas, mas voz, atitude, cenário, fantasia.”
Reportagem sem assinatura do jornal O Globo (2005)
http://mariag.multiply.com/journal/item/91/Nuvem_Cigana_-_30_anos_esta_noite

“Reconhecido no universo cultural brasileiro, o poeta Chacal usa a palavra como instrumento verbal para denunciar o cotidiano da barbárie, sempre recorrendo ao humor e à metalinguagem. Em seu processo criativo é raro o poeta trabalhar a palavra, por entender que o poema tem uma estrutura inconsciente. O processo é espontâneo, dentro de uma linha surrealista, desenvolve-se no inconsciente e aflora em sua ‘anatomia’. Cronista, letrista, autor de teatro e, sobretudo, poeta, Chacal caminha pela poesia antropofágica herdade do mestre Oswald de Andrade.”
Gilfrancisco Santos, ensaísta e professor de teoria literária, no portal Cronópios (2006)
http://www.cronopios.com.br/site/artigos.asp?id=1377

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