Claudio Prado

Coordenador do Laboratório Brasileiro de Cultura Digital

“O mundo está obrigado a se reinventar inteirinho, as gravadoras, as televisões, as companhias de telefone, a indústria…

O digital provocou uma revolução fodida, muito maior do que as confusões dos anos 60.”

Entrevista gravada no dia 16 de maio de 2010 no estúdio Cine & Vídeo, em São Paulo.

Claudio Prado é produtor cultural e teórico da contracultura e da cultura digital. Foi coordenador da ação de Cultura Digital da Secretaria de Programas e Projetos do Ministério da Cultura entre 2004 e 2008, e hoje coordena a ONG Laboratório Brasileiro de Cultura Digital. Tem formação incompleta em pedagogia pela Universidade de Genebra, na Suíça, e em sociologia na Universidade de Surrey, Inglaterra. Fez parte nos anos 60 e 70 do movimento hippie e se envolveu com a produção de shows e festivais de música: co-fundou o Festival de Glastonbury e produziu o primeiro Festival de Águas Claras, em 1975, o “woodstock brasileiro”. Produziu shows dos Mutantes e dos Novos Baianos nos anos 70 e sempre esteve ligado a Gilberto Gil e Caetano Veloso, desde a época em que os recebeu no exílio, em Londres. Fundou e dirigiu diversas produtoras e duas ONGs, Salve a Amazônia e Pró-Rio 92. É um dos fundadores da Casa de Cultura Digital.

Algumas produções com que esteve envolvido

Caetano e Gil em 1968, época pré-exílio em Londres, quando conviveram com Cláudio PradoClaudio Prado produziu sows dos Mutantes, nos anos 70 Pátio da Casa da Cultura Digital, em São Paulo

Logo do Festival de Glastonbury, na Inglaterra, que Claudio ajudou a fundar em 1970logo do Laboratório Brasileiro de Cultural Digital
Caetano Veloso e Gilberto Gil em 1968, um ano antes de serem recebidos por Cláudio em Londres; os Mutantes, nos anos 70, cujos shows foram produzidos por Cláudio; o pátio da Casa da Cultura Digital, em São Paulo; e os logotipos do Festival de Glastonbury (que Cláudio ajudou a fundar, em 1970, na Inglaterra) e do Laboratório Brasileiro de Cultura Digital, criado em 2008.

Trechos da entrevista

“Tem uma molecada que vive falando: ‘Ah, os anos 60 eram maravilhosos!’, uma nostalgia dos anos 60 que é uma coisa romântica. Eu vivo falando para eles: ‘Os anos 60 eram uma merda, não tinha nada, não tinha condição nenhuma de fazer nada, era difícil, era ruim, era pesado, era bravo, a gente tinha que tirar, espremer pedra para tirar água, era muito complicado’. Hoje é o paraíso, nós temos que acabar de desconstruir a ideia da gravadora, acabar de desconstruir a ideia da Globo, mas já estamos avançadíssimos nisso. Quando a gente falava ‘A Globo é uma merda!’ nos anos 60, era Dom Quixote com o Moinho de Vento. Agora você tem o YouTube.”

“Isso que está acontecendo agora eu batizei, eu inventei um nome disto: é a molecada pós-rancor, é a atitude cultural pós-rancor. Existe uma coisa rancorosa que está sendo superada, esta coisa rancorosa é a discussão direita/esquerda da política, é a discussão freudiana. Freud é um gênio, mas os freudianos são rancorosos, os freudianos são caras que querem cristalizar Freud do jeito que está. Vai falar de Complexo de Édipo para um moleque emo, vai para a porra! Estes moleques superaram isso já de monte.”

Palavras mais faladas na entrevista

Para que se tenha uma ideia do que foi dito e destacado pelo entrevistado, utilizamos um sistema de visualização chamado “Nuvem de Palavras”. Quanto mais vezes uma palavra é dita, maior ela aparece.

Palavras mais faladas

O que já disseram sobre ele

“Claudio Prado, guia dos então exilados Caetano Veloso e Gilberto Gil, entre outros baianos, pelo mundo underground londrino. No final dos anos 1960, Cláudio saiu do Brasil para estudar pedagogia na Suíça, mas preferiu ser hippie em Londres e aprendeu os caminhos dos melhores endereços das trilhas do rock. O aprendizado fez dele, no Brasil, produtor de shows e de bandas como os Mutantes, a Cor do Som e os Novos Baianos.”
Gilberto Dimenstein, jornalista, na Folha de S.Paulo (2009)
http://augustasenergiasutopicas.wordpress.com/2009/01/26/rua-da-utopia/

“Claudio Prado é uma figura singular. No currículo, uma bagagem musical invejável: já foi produtor de bandas como Mutantes e Novos Baianos e dos festivais de Glastonbury, maior festival de rock do Reino Unido, e de Águas Claras, conhecido como o ‘Woodstock brasileiro’. Quase sempre trajando roupas coloridas, define-se como hippie, reclama da burocracia que, em grande parte, serve à corrupção, e define seu papel dentro do Ministério como de agente da ‘contracultura’. Ele conta, sem esconder uma pitada de orgulho quixotesco, que faz parte do único governo que possui uma área para tratar exclusivamente dos avanços tecnológicos sob o prisma cultural.”
Carlos Minuano, jornalista, na revista Carta Maior (2007)
http://www.cartamaior.com.br/templates/materiaMostrar.cfm?materia_id=14116

“Claudio Prado é um transgressor, no melhor sentido da palavra. No Ministério ele age por fora da burocracia. Na sociedade civil ele retoma o encontro do movimento político com o social. Prado consegue dar vida ao que André Martinez define como Sociedade Civil Articulada. A conjugação de diferentes relógios da sociedade: Estado, Sociedade Civil e mercado, para dar cabo de uma das mais ousadas frentes programáticas do MinC e até do Governo Federal como um todo.”
Leonardo Brant, produtor cultural, no site Cultura e Mercado (2006) http://www.cultura.gov.br/site/2006/11/19/claudio-prado-banda-larga-para-todos/

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