Pablo Capilé

Articulador do Circuito Fora do Eixo

“Temos a perspectiva de trabalhar com economia solidária. Não tem grana da iniciativa privada, não tem um mercado e o poder público não nos visualiza. A gente tem que empreender.”

Entrevista gravada no dia 14 de maio de 2010 no estúdio Cine & Vídeo, em São Paulo.

Pablo Capilé é produtor cultural, idealizador e co-fundador do Espaço Cubo, em Cuiabá, um dos coletivos fundadores do Circuito Fora do Eixo, em 2005. No Cubo, concebeu tecnologias de gestão sócio-cultural, como o Cubo Card (moeda complementar que se pauta em princípios da economia solidária), e se tornou referência nacional no assunto. Produziu diversos festivais independentes de rock em Cuiabá e passou a agir politicamente com o Cubo, pelas vias dos conselhos municipais, fóruns de cultura e secretarias. Articula o crescimento do Fora do Eixo pelo país e a organização do festival Grito Rock América do Sul, em 80 cidades do continente ao mesmo tempo, durante o Carnaval brasileiro. Capilé também é produtor da banda Macaco Bong, que teve o CD eleito como o melhor de 2008 pela revista Rolling Stone. É um dos articuladores, também, do recém-criado Partido da Cultura (PCult).

Algumas produções que idealizou

logotipo do Espaço Cubo, de Cuiabálogo do Circuito Fora do EixoSelo do festival Grito Rock 2010

Trechos da entrevista

“Eu não acredito em sorte. Eu não acredito em dom. Eu não acredito que as coisas caem do céu. Eu acredito que é 99% transpiração e 1% inspiração. Se as pessoas não tiverem muito dispostas a fazer a coisa acontecer, a coisa não vai sair do lugar, não tem mais nenhum iluminado nessa história. Eu acho que a internet vem e acaba e ela mata Deus, ela resignifica a imagem de Deus para os envolvidos com o setor cultural. Não tem mais os seres que são próximos deles. A internet vem e fala assim: ‘Está todo mundo na mesma’.”

“Ao invés de todo mundo ir comprar no Carrefour, você tem uma moeda solidária na própria comunidade em que todo mundo consome dentro da comunidade, ao invés de ir dar a grana para um supermercado. Então você tem uma moeda complementar, você tem bancos de trocas, então as pessoas chegam com o seus serviços, depositam horas de serviço em troca, então você tem outras comunidades em que o cara vai lá e deposita duas horas de serviço de pedreiro e recebe duas horas de dentista porque tem um depósito de dentista feito ali e eles estabelecem estas trocas.”

Palavras mais faladas na entrevista

Para que se tenha uma ideia do que foi dito e destacado pelo entrevistado, utilizamos um sistema de visualização chamado “Nuvem de Palavras”. Quanto mais vezes uma palavra é dita, maior ela aparece.

Palavras mais faladas

O que já disseram sobre ele

“Uma figura esse Pablo Capilé! Atrevido, impetuoso, estrategista, pensa o tempo inteiro, irrequieto, agitado, magrelo, polêmico, não teme pagar mico, odiado por muitos, ele incomoda muita gente, mas parece não estar nem aí. O cara é obcecado, um workaholic, entre nós: viciado em trabalho. O cara não para, já saímos na porrada muitas vezes. No bom sentido, é claro. Com nossas verves impetuosas. Nossos gritos de angústia. Pela vontade de fazer uma porrada de coisas diante da inércia insana que paralisa o mundo.”
Eduardo Ferreira, músico, no Overmundo (2006)
http://www.overmundo.com.br/overblog/entrevista-com-o-calango-pablo-capile-1

“Sim, o fato é que Pablo Capilé, produtor meticuloso, encheu de pompa e circunstância o movimento roqueiro de Cuiabá. O sucesso de seus projetos é estrondoso, exemplar. Só que existe um lado B: com a mesma intensidade com que muitos o idolatram, o garoto se transformou em inimigo público número 1 para os adversários de seu sucesso. O que se viu na audiência do Fórum Permanente de Cultura, com o prefeito Wilson Santos, na segunda-feira, num barracão no bairro do Porto, foi ilustrativo. Convocados para discutir com o tucano projetos culturais para Cuiabá, um setor ensandecido do plenário ficou o tempo todo a pedir a cabeça de Pablo Capilé e do Espaço Cubo em uma bandeja. Felizmente, meus temores delirantes não se confirmaram e o ativo Pablo Capilé sobreviveu, o prefeito Wilson Santos sobreviveu, o Fórum Permanente de Cultura sobreviveu, o Espaço Cubo sobreviveu e seus ferozes adversários também sobreviveram.”
Enock Cavalcanti, jornalista, no blog Página do E (2008)
http://paginadoenock.com.br/home/post/1357

“O ‘viés político’ já está no modus operandi de alguns desses festivais, como o Calango, em Cuiabá, ‘nascido’ em 2001 com uma verba de R$ 35 mil da lei de incentivo estadual. Já em sua quarta edição, o festival custou R$ 200 mil, 30% dos quais saíram desta mesma lei. O restante ficou por conta dos rendimentos com bilheteria, bar e do fundo de cultura municipal. ‘Toda ação é política’, define Capilé. Dados da Abrafin indicam que a maioria dos 300 mil espectadores dos festivais realizados em 2006 são jovens (16 a 34 anos), das classes A, B e C, com instrução de nível médio a superior.”
Rodrigo Lariú, jornalista, na revista Rolling Stone (2007)
http://www.rollingstone.com.br/edicoes/4/textos/201

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