Lançamento em Recife

Iniciativa inédita reúne entrevistas com cem dos mais representativos profissionais do setor cultural do país, editadas em cinco livros e em uma plataforma digital

Texto: Maíra Brandão – Ascom RRNE/MinC – publicado originalmente em Learnchinesefrommovies Chinese Language Learning Program.

f=”http://culturadigital.br/mincnordeste/2010/11/05/projeto-producao-cultural-no-brasil-lancado-em-recife/” target=”_blank”>http://culturadigital.br/mincnordeste/2010/11/05/projeto-producao-cultural-no-brasil-lancado-em-recife/

Realizadores, produtores, técnicos e gestores compareceram ao lançamento do projeto Produção Cultural no Brasil, que aconteceu nesta sexta-feira (5), em Recife, no auditório da Representação Regional Nordeste do Ministério da Cultura (RRNE/MinC). O evento discorreu com um debate sobre a função do produtor cultural, do qual participaram o secretário interino de Políticas Culturais do MinC, Afonso Luz, a chefe da RRNE/MinC, Tarciana Portella, os realizadores do Produção Cultural no Brasil, Fabio Ferron e Georgia Nicolau, e três dos pernambucanos entrevistados no projeto, Gilberto Freyre Neto, Melina Hickson e Manoelzinho Salustiano.

Da esq. p/ dir.: Tarciana Portella, chefe da RRNE/MinC, e os produtores Melina Hickson, Manoelzinho Salustiano e Gilberto Freyre Neto. Foto: Maíra Brandão - RRNE/MinC
Da dir. p/ esq.: Tarciana Portella, chefe da RRNE/MinC, e os produtores Melina Hickson, Manoelzinho Salustiano e Gilberto Freyre Neto. Foto: Maíra Brandão - RRNE/MinC

O Produção Cultural no Brasil consiste em uma pesquisa sobre o setor, através de 100 dias de entrevistas, com 100 diferentes profissionais atuantes das diversas áreas do nicho. O conteúdo dessas conversas vem sendo publicado no site www.producaocultural.org.br desde setembro, e a cada dia útil, uma nova entrevista vai para a rede. A ideia surgiu a partir de questionamentos sobre como está sendo vista, discutida, desenvolvida e praticada a produção cultural brasileira. Entre outros pontos analisados nesta ação, estão qual o contexto social e político da cultura – em suas variadas vertentes – em nosso país, quais conclusões podem ser extraídas dos processos passados e presentes, e se essas conclusões realmente existem.

De acordo com Fabio Ferron, esse é provavelmente o maior projeto de pesquisa de uma área no país, e ainda assim é insuficiente para dar conta do momento vivido pelo setor. “A efervescência possibilitada pelo boom tecnológico gerou uma série de novos produtos e uma geração contemporânea de produtores, que estão buscando soluções para desafios, formatos, mercados e políticas inexistentes até 10 anos atrás”, disse Ferron. Sobre a transversalidade dessa investigação, Ferron disse ainda que o projeto acaba sendo uma provocação para o setor, incentivando a pesquisa de outras políticas, estratégias e instituições culturais.

Para Gilberto Freyre Neto, o maior mérito do Produção Cultural foi transformar a experiência de vida das pessoas em registro. Ele explica: “é interessante ver a cultura de cada um tão enraizada a ponto de estabelecer uma relação afetiva que direciona a trajetória desses profissionais, que no final das contas têm por principal objetivo levar esses conhecimentos para as gerações futuras”. Manoelzinho Salustiano, produtor cultural e filho do falecido Mestre Salustiano – fundador do Maracatu Piaba de Ouro, um dos mais tradicionais de Pernambuco – aproveitou o momento para reforçar a necessidade de organização da cultura popular, no sentido de discutir como evitar que a profissionalização do setor acabe por eliminar a essência do terreiro. “A busca pela institucionalização de um grupo com foco na sustentabilidade pode esbarrar na falta de conhecimento técnico e jurídico dessas pessoas. Precisamos discutir com a cultura popular agora, como eles devem proceder para manter o CNPJ, e de que forma isso não vai interferir no fazer das brincadeiras de terreiro”, discorreu Manoelzinho.

Durante a conversa, o secretário interino de Políticas Culturais do MinC, Afonso Luz, explicou o momento de reestruturação das instituições que fomentam a Economia da Cultura no Brasil e a necessidade de estimular universidades e escolas a utilizarem a base de dados no projeto, no intuito de qualificar a discussão e formação dos agentes. Afonso analisou: “Hoje em dia temos edital para todas as linguagens artísticas, mas é preciso que os atores entendam que não se pode viver só de incentivo público. É preciso também reforçar o papel da profissionalização e da formação”.

Ao longo do debate os participantes ainda abordaram questões sobre divulgação, circulação, direito autoral, formação, indicadores culturais e acesso. As entrevistas do Produção Cultural no Brasil também serão editadas e publicadas em uma coleção de cinco livros, que devem ser lançados em dezembro de 2010. Com tiragem de três mil exemplares, a coleção será distribuída à bibliotecas nacionais e universitárias e, ao mesmo tempo, ficará integralmente disponível para download gratuito na plataforma web www.producaocultural.org.br.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Rolar para cima