Vincent Carelli

Documentarista e diretor da ONG Vídeo nas Aldeias

“A primeira experiência já foi radical. O audiovisual valoriza questões culturais. É um cinema de observação, que deixa a realidade brotar. O roteiro é construído progressivamente.”

Entrevista gravada no dia 30 de abril de 2010 no estúdio Cine & Vídeo, em São Paulo.

Vincent Carelli é indigenista e documentarista. Desde 1973 está envolvido com projetos de apoio a grupos indígenas no Brasil – em 1987, por meio do Centro de Trabalho Indigenista (CTI), que fundou com um grupo de antropólogos, criou o projeto Vídeo nas Aldeias. Desde então, produziu 16 documentários, entre eles “A Arca dos Zo’é” (1993), premiado no 16º Tokyo Video Festival e no Cinema du Réel, em Paris. Em 1999, Carelli ganhou o Prêmio Unesco na 6ª Mostra Internacional do Filme Etnográfico. O documentarista franco-brasileiro (filho de pai brasileiro e mãe francesa) finalizou em 2009 o longa-metragem “Corumbiara”, sobre sua trajetória junto aos índios isolados da Gleba Corumbiara no sul de Rondônia.

Algumas produções de que participou

imagem de "A Arca dos Zo'é" (1993)imagem do filme "Corumbiara" (2009)logo da ONG Vídeo nas Aldeias
Imagens dos filmes “A Arca dos Zo’é” (curta, 1993) e de “Corumbiara” (longa, 2009), ao lado do logotipo do projeto Vídeo nas Aldeias (VNA)

Trechos da entrevista

“O Brasil, como dizia o Eduardo Viveiros de Castro, quase que criou duas categorias de índio: os que ainda são e os que não são mais. Aquela visão de que os índios estão fadados ao desaparecimento, que os verdadeiros índios são aqueles pelados no Xingu e que os coitados que estavam no litoral nordestino, que perderam a língua e tudo mais, já não são mais, não têm direito a nada. (…) Os índios fazem parte do futuro do país, modernidade e tradição são coisas que convivem perfeitamente e que se enriquecem”

“A cultura popular sempre foi pulsante, nunca teve subsídio porque é uma coisa que brota, é uma necessidade de expressão. Eu acho que o que mudou foi a gente poder compartilhar essas coisas, a gente ter acesso e essa informação circular pelo Brasil, justamente para se deixar de ser um país americanizado.”

Palavras mais faladas na entrevista

Para que se tenha uma ideia do que foi dito e destacado pelo entrevistado, utilizamos um sistema de visualização chamado “Nuvem de Palavras”. Quanto mais vezes uma palavra é dita, maior ela aparece.

Palavras mais faladas

O que já disseram sobre ele

“Para além do pioneirismo, o projeto Vídeo nas Aldeias, coordenado por Vincent Carelli, chega em uma etapa decisiva e radical ao formar uma geração de realizadores indígenas que vêm fazendo uma espécie de ‘auto-etnografia’ ou autodocumentário, em que os próprios índios registram e editam suas imagens, passando de objetos a sujeitos do discurso. (…) Esse cinema é uma aposta na imagem não apenas como representação de si para os outros, mas radicalmente como a descoberta de uma forma de pensamento audiovisual, uma aldeia audiovisual global, em que a singularidade dos índios brasileiros se encontra com a singularidade e vigor do documentário e das questões do cinema contemporâneo.”
Ivana Bentes, pesquisadora de cinema e comunicação da UFRJ (2004)
http://www.videonasaldeias.org.br/2009/biblioteca.php?c=11

“O DVD (‘O Amendoin da Cotia’) que você me emprestou é de longe o melhor filme que eu jamais tenha visto sobre índios da América do Sul. Tudo é acertado: a escolha dos temas, das locações, o enquadramento; e a qualidade das imagens é notável. Temos constantemente a sensação de poder ver a vida indígena de dentro… A cura xamanística é uma sequência antológica.”
Claude Lévi-Strauss, antropólogo (sem data)
http://www.videonasaldeias.org.br/2009/vna.php?p=3

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