John Neschling

Maestro e diretor da Cia Brasileira de Ópera

“Não é uma questão de popularizar a música clássica. A música clássica não pode ser popularizada, ela não é música popular. Tem que democratizar o acesso, só isso. Assim, a pessoa pode ir e gostar.”

Entrevista gravada no dia 12 de junho de 2010 no estúdio Cine & Vídeo, em São Paulo.

John Neschling é maestro e compositor. Criou e dirige a Cia Brasileira de Ópera desde novembro de 2009, cujo primeiro trabalho, “O Barbeiro de Sevilha”, excursiona pelo país desde junho de 2010. Antes, comandou a Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo (Osesp) por 12 anos, entre 1997 e 2008, quando tirou o grupo do sucateamento, elevou a osquestra a níveis internacionais e construiu a Sala São Paulo na antiga Estação Júlio Prestes, hoje sede de 121 músicos de 15 países. Com a Osesp, gravou 33 álbuns, que renderam um Grammy Latino e cinco prêmios Diapason d’Or, a cotação máxima da revista francesa Diapason. O carioca Neschling (nasceu no Rio em 1947) é formado em regência com Hans Swarowsky, em Viena (Áustria), e Leonard Bernstein, em Tanglewood (EUA). Dirigiu nos anos 70 os teatros municipais de São Paulo e do Rio de Janeiro, além de diversos teatros da Europa (Portugal, Suíça e Itália). Mais tarde, foi regente residente na Ópera de Viena. Em 1996, antes de assumir a Osesp, dirigiu em Washington a ópera “Il Guarany”, de Carlos Gomes, com Plácido Domingo no papel de Peri.

Algumas produções de que participou

Interior da Sala São PauloNeschling à frente da OsespTrecho do espetáculo 'O Barbeiro de Sevilha', da Cia Brasileira de Ópera
Interior da Sala São Paulo, inaugurada em 1999; Neschling à frente da Osesp, orquestra que comandou por 12 anos; e uma imagem do espetáculo “O Barbeiro de Sevilha” (2010), da Cia Brasileira de Ópera

Trechos da entrevista

“O regente é um ser que tem que trabalhar com muitos egos ao mesmo tempo, fazer com que eles tenham o prazer em tocar juntos também – que é uma coisa importante! E, uma vez que tocam juntos e têm prazer, fazer com que eles toquem o melhor possível juntos – e dar uma ideia, uma concepção que tenha pé e cabeça, que tenha começo, meio e fim. É isso. O técnico de futebol faz a mesma coisa: quem faz o gol é o clarinete de solo, mas o time que ganha é a orquestra.”

“O silêncio como o potencial da música, como a música que existe o tempo todo. Você levanta os braços, os músicos levantam os braços, mas não tocam, imaginam a música. E esta é a música, é aquilo que existe dentro do silêncio. A música é uma forma de você preencher o silêncio de uma maneira harmônica e esteticamente agradável, ou agressiva, ou alguma coisa. É uma forma de expressão que preenche o silêncio.”

Palavras mais faladas na entrevista

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Palavras mais faladas

O que já disseram sobre ele

“Conhece aquele verso do Augusto dos Anjos, ‘a mão que afaga é a mesma que apedreja’? Pois então: Neschling nos tratava assim: ora com doçura, ora com rispidez. No começo, tamanhas oscilações não nos afetavam profundamente, em especial por causa das inegáveis qualidades do maestro: o entusiasmo, a sensibilidade estética, a erudição. Mas, à medida que os anos passavam, a barra ia pesando e o clima se deteriorava. Em dezembro de 2008, protagonizávamos um casamento de aparências. A orquestra tocava sem garra, apática. Foi quando o regente, na entrevista para o Estadão, atirou também contra os músicos: os acusou de corporativismo e de defenderem a mediocridade. Justo nós, que encaramos repertórios dificílimos. Aquilo nos soou como um murro na boca. Comunicamos nossa indignação ao conselho e… Com uma frase, o maestro destruiu o que mais amava. A orquestra nunca o perdoaria.”
Maria Luísa Cameron, violoncelista da Osesp, na revista Bravo (2010)
http://bravonline.abril.com.br/conteudo/musica/john-neschling-veias-abertas-523856.shtml

“De fato, essa é uma iniciativa privada, mas o ministério entende que, por sua importância, deve apoiá-la. E ele se encaixa na maneira como entendemos o papel do ministério. Nosso foco é a democratização da Cultura, por um lado dando acesso ao público e, por outro, permitindo que todas as áreas tenham acesso à captação de verbas.”
Juca Ferreira, ministro da Cultura, sobre a Cia Brasileira de Ópera, no Estadão (2009)
http://www.estadao.com.br/noticias/arteelazer,pais-ganha-companhia-brasileira-de-opera,465495,0.htm

“A proposta do maestro nos interessou exatamente porque busca a democratização do acesso à ópera. Se um artista tão experiente pretende incrementar uma área que o governo julga desassistida, não há como lhe virar as costas”
José Luís Herência, secretário de Políticas Culturais do MinC, na revista Bravo (2010) http://bravonline.abril.com.br/conteudo/musica/john-neschling-veias-abertas-523856.shtml

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