Gilberto Gil

Ministro da Cultura (2003-2008)

“A visão de carreira está em cheque: a importância do disco, dos meios de comunicação, da televisão, do show business… Havia estes clássicos, estas entidades da produção cultural… Hoje, é um conjunto de fragmentos de várias coisas que vão constituindo o agir do artista.”

Entrevista gravada no dia 26 de agosto de 2010 na Gegê Produções, no Rio de Janeiro.

Gilberto Gil é cantor e compositor. Depois de 52 discos lançados (12 de ouro e 7 Grammies) e uma importância imensurável para a cultura nacional (tendo liderado o Tropicalismo e resistido à ditadura militar), foi convidado pelo presidente Lula a assumir o ministério da Cultura, cargo que ocupou entre 2003 e 2008. Sua gestão foi marcada pelo desenvolvimento do conceito de Cultura Digital, pela política dos Pontos de Cultura e pela luta em prol da flexibilização dos direitos autorais, o que o fez ser elogiado pelo The New York Times. Nascido em 26 de junho de 1942, como músico é responsável por álbuns centrais do cancioneiro nacional, como “Tropicália” (1968), “Expresso 2222” (1972), “Refazenda” (1975), “Os Doces Bárbaros” (1976, com Caetano Veloso, Gal Costa e Maria Bethânia) e “Banda Larga Cordel” (2008), entre outros. É dono da Gegê Produções (em sociedade com a mulher, Flora Gil).

Algumas produções de que participou

Gil e Os Mutantes cantando "Domingo no Parque" no festival de 1967Capa do álbum "Tropicália" (1968), que uniu em um movimento Gil, Caetano Veloso, Os Mutantes, Nara Leão e Gal Costa

No trio elétrico Expresso 2222, no Carnaval de Salvador, criado por ele em 1998Discursando como ministro da Cultura (2003-2008) no governo Lula
Gil canta “Domingo no Parque” com Os Mutantes no festival de 1967; o álbum “Tropicália” (1968), que deu nome ao movimento, em conjunto com Caetano Veloso, Gal Costa, Mutantes, Nara Leão, etc.; Gil canta com a banda de axé Chiclete com Banana no trio elétrico Expresso 2222, no Carnaval de Salvador; e, de terno e gravata, discursando como ministro da Cultura do governo Lula

Trechos da entrevista

“As novas tecnologias, com a diminuição do tamanho, a portabilidade, a acessibilidade, a possibilidade de multiplicação de gentes, de pessoas fazendo coisas, filmando, gravando, transmitindo, editando isto e aquilo… Ficou difícil. Este mundo saiu das mãos dos especialistas, dos artistas, dos jornalistas, dos autores propriamente e etc. A autoralidade explodiu, ficou em aberto. Portanto a visão da autoralidade aos cuidados do direito autoral também explodiu.”

“O artista, hoje, em determinado momento, ele está associado com coletivos de redes sociais, em outros momentos ele está associado a fragmentos do velho edifício da produção cultural. Outras vezes ele é autonomia pura, ele é indivíduo sozinho tuitando…”

Palavras mais faladas na entrevista

Para que se tenha uma ideia do que foi dito e destacado pelo entrevistado, utilizamos um sistema de visualização chamado “Nuvem de Palavras”. Quanto mais vezes uma palavra é dita, maior ela aparece.

Palavras mais faladas

O que já disseram sobre ele

“Gilberto Gil privilegiou dois temas que batiam de frente com a tradição da ausência. Em uma perspectiva, enfatizou continuamente o papel ativo do Estado na formulação e implementação de políticas de cultura. Teceu uma poética relação entre políticas culturais e cultura. Para o artista ministro, ‘formular políticas culturais é fazer cultura’. Em outra perspectiva, complementar à anterior, os discursos fizeram continuadamente uma crítica contundente da gestão Francisco Weffort naquilo que ela significou a expressão maior da nova modalidade de ausência do Estado: sua submissão ao mercado, através das leis de incentivo.”
Antonio Albino Rubim, pesquisador cultural, no site da Fundação Perseu Abramo (2007)
http://www.fpabramo.org.br/o-que-fazemos/editora/teoria-e-debate/edicoes-anteriores/cultura-enfrentando-tradicoes-e-limites

“O Gil está ganhando muito dinheiro, tem cantado no mundo inteiro, encantado plateias. Mas, no Brasil, não sei o que ele fez. Pelo teatro, então, acho que ninguém sabe.”
Paulo Autran, ator, em sabatina realizada pela Folha de S. Paulo (2005)
http://www1.folha.uol.com.br/folha/ilustrada/ult90u55568.shtml

“Como um criador de música, ele é interessado em proteger direitos autorais. Mas como autoridade do governo em um país em desenvolvimento celebrado pelo pulso criativo de seu povo, Gil também quer que os brasileiros tenham acesso irrestrito às novas tecnologias para fazer e disseminar arte, sem ter de render seus direitos a companhias grandes que dominam a indústria da cultura.”
Jornal The New York Times (2007)
http://www.bbc.co.uk/portuguese/reporterbbc/story/2007/03/070311_gil_nytimes_dg.shtml

“Em sua complexidade conceitual, o tropicalismo assimilou matrizes criativas distintas – desde o considerado desprezível ao mais sofisticado estilo – e estabeleceu um diálogo profícuo entre cultura de massa, mercado, tecnologia, modernidade e tradição, superando velhas dicotomias éticas e estéticas. Sabe-se que essa gestão do Ministério da Cultura empenhou-se na criação de canais de interlocução com âmbitos e manifestações culturais as mais diversas, sem prerrogativas ou discriminação entre o popular e o erudito, o regional e o urbano, o local e o global. Se muito foi feito para promover o acesso equitativo às novas tecnologias digitais, tanto se fez pela construção de uma política específica para a preservação da capoeira, por exemplo.”
Ana de Oliveira, pesquisadora de música e autora do www.tropicalia.com.br. Em entrevista ao site Cultura e Mercado (2008)
http://www.culturaemercado.com.br/entrevistas/a-gestao-tropicalista-de-gilberto-gil/

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