Fátima Toledo

Preparadora de elenco

“Às vezes você vê o professor de teatro dando aula em que ele é o centro. Nós não podemos ser o centro de nada; nós somos a sombra.”

Entrevista realizada no dia 29 de abril de 2010 no estúdio Cine & Vídeo, em São Paulo.

Fátima Toledo é a primeira preparadora de elenco do cinema brasileiro, função criada para ela em 1981 por Hector Babenco, no filme “Pixote: A Lei do Mais Fraco”. Desde então, a atriz e diretora de teatro, nascida em Maceió em 1953, trabalhou em grande parte da produção cinematográfica nacional (“Tropa de Elite”, “Cidade de Deus”, “Céu de Suely”, “Cidade Baixa”, “Casa de Alice”, “Mutum”, “Central do Brasil”, “Castelo Rá-Tim-Bum”, “Linha de Passe”, entre muitos outros) e desenvolveu seu próprio “método” de interpretação, baseado na bioenergética, psicanálise, no auto-conhecimento e na busca sensorial de emoções para interpretar personagens. Já há uma geração de preparadores de elenco formados no Studio Fátima Toledo, criado em 1991 em São Paulo.

Alguns filmes de que participou


Imagens dos filmes “Tropa de Elite” (2007), “Cidade de Deus” (2002) e “A Casa de Alice” (2007)

Trechos da entrevista

“Meu método é isto: ir até o ator, respeitá-lo e voltar com ele para o projeto. É mais ou menos isso. Ele ousa, sabe, é o autor que não tem muitas regras, nem muito “Aí, vou fazer assim, vou construir”. É o ator que está inteiro, pra o que vier ele vai, sem medo, sem rede. A maioria, alguns, estão conseguindo se desvencilhar desse papel do ator durante a vivência do filme e ser uma pessoa que vive aquele momento.”

“Quando eu fiz o ‘Pixote’, eu via aquelas crianças, é como se elas ainda tivessem chance, elas sonhavam ainda. Eu lembro que tem uma cena no ‘Pixote’ que reflete muito bem isso que é quando o garoto fala: ‘Eu vou pegar uma prancha e vou…’. Tem um sonho de que ele vai conseguir. Depois de 21 anos, quando eu faço ‘Cidade de Deus’, eles não pensam mais que têm chance.”

Palavras mais faladas na entrevista

Para que se tenha uma ideia do que foi dito e destacado pelo entrevistado, utilizamos um sistema de visualização chamado “Nuvem de Palavras”. Quanto mais vezes uma palavra é dita, maior ela aparece.

Palavras mais faladas

O que já disseram sobre ela

“O processo da Fátima é dividido em três partes e tem toda uma desconstrução envolvida. Entrei com várias interrogações sobre quem eu era e é bonito porque ela te coloca no chão. É boni

to o trabalho dela. Depois de mostrar ao ator o que ele é, ela entra com essa parte de personagens, de roteiro mesmo. Você realmente descobre com o trabalho dela que você tem ódio, raiva, carência, medo… Mas ela também te mostra que o outro também é importante. Não é só porrada. Você aprende a amar com ela e isso é bonito.”
João Baldasserini, ator de “Linha de Passe”, Cineclick (2009)
http://cinema.cineclick.uol.com.br/entrevista/carregar/titulo/atores-de-linha-de-passe/id/155

“Fátima pega não-ator, faz os caras repetirem o que fazem na vida real, parece que é trabalho de ator, mas não é. Quando pega ator de verdade, faz os caras sofrerem para render uma coisa que eles poderiam render só com o trabalho deles. Não tenho nada contra o não-ator, o que eu não quero é submeter o cara a uma tortura psicológica para conseguir o resultado. Vejo os atores reclamando muito, mas não fazem isso publicamente porque ela virou uma grife. É uma pessoa forte no cinema nacional, então ninguém fala mal, senão não vai ser chamado para o próximo filme.”
Mário Bortolotto, dramaturgo, ator e diretor de teatro, Piauí (2009)
http://revistapiaui.estadao.com.br/edicao_28/artigo_866/Como_nao_ser_ator.aspx

“Realmente foi muito incrível e terminou virando uma ferramenta que eu acabei usando na minha vida como ator, para muitos outros trabalhos que eu fiz. O que Fátima me deu viro uma ferramenta que eu guardo ali e que eu uso muito. Posso dizer inclusive que mudou o jeito com que eu vejo o meu trabalho, especialmente no cinema”
Wagner Moura, ator de “Cidade Baixa” e “Tropa de Elite”, depoimento ao Studio Fátima Toledo (2010)
http://www.youtube.com/watch?v=Ee_e0PwFMO0

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