Designer de móveis
“O móvel não é só a figura, a peça, não é só o material de que esta peça é composta, e sim alguma coisa que tem dentro dela. É o espírito da peça. É o espírito brasileiro. É o móvel brasileiro.”
Entrevista gravada no dia 27 de maio de 2010 no estúdio Cine & Vídeo, em São Paulo.
Sérgio Rodrigues é arquiteto e um dos principais designers brasileiros. O auge de sua carreira se deu nas décadas de 1950 e 60, quando conseguiu forjar o conceito de brasilidade no design de móveis. Criou a Poltrona Mole em 1957, hoje parte do acervo do Museum of Modern Art de Nova York (MoMA), e teve na enciclopédia Delta Larousse seu nome atrelado à imagem de “o criador do móvel brasileiro”. Formou-se na Faculdade Nacional de Arquitetura do Rio de Janeiro (hoje FAU/UFRJ) em 1952. É contemporâneo de João Batista Vilanova Artigas, Oscar Niemeyer, Oswaldo Bratke e Paulo Mendes da Rocha. Sua loja de móveis, a Oca, aberta nos anos 1950, já expôs mais de mil criações de móveis ao longo dos anos. Participou de dezenas de exposições, foi premiadíssimo, e até hoje é referência na chamada estética modernista “da grossura”, que marcou a criação artística brasileira do século 20. As cadeiras utilizadas pelo Produção Cultural no Brasil são todas criações de Sérgio Rodrigues.
- Site: www.sergiorodrigues.com.br
- Blog: não tem
- Twitter: não tem
Alguns móveis desenhados por ele
Imagens da Poltrona Mole (versão de 1961), da poltrona Aspas “chifruda” (1962) e da cadeira Oscar (1956)
Trechos da entrevista
“Meu nome na verdade é Sérgio Roberto Santos Rodrigues, só depois da faculdade passei a ser Sérgio Rodrigues. Por uma razão: existiam os irmãos Roberto e aí o pessoal todo achava que eu estava plagiando, ou queria usar das vantagens do nome Roberto, então tirei o Sérgio Roberto e fiquei só com o Rodrigues, que também tem um certo peso.”
“Eu só poderia dizer o seguinte: o Museu de Arte Moderna de Nova York você considera aquilo um museu de peso, de valor? Claro, aquilo é um museu. E o que tem lá dentro são obras de arte? Claro. Pois é, a poltrona mole está lá dentro do museu de Nova York. E só entram lá obras de arte, então é obra de arte. Na realidade, algumas peças que preenchem determinados requisitos como não só o agradável, a função, tudo, todas as qualidades de um verdadeiro design, se impressionam, aquilo lá é uma obra de arte. O móvel é uma obra de arte.”
Palavras mais faladas na entrevista
Para que se tenha uma ideia do que foi dito e destacado pelo entrevistado, utilizamos um sistema de visualização chamado “Nuvem de Palavras”. Quanto mais vezes uma palavra é dita, maior ela aparece.
O que já disseram sobre ele
“Oca é casa indígena. A casa indígena é estruturada e pura. Nela, os utensílios, o equipamento, os apetrechos e paramentos pessoais, em tudo se articula e integra, com apuro formal em função da vida. A simples escolha do nome define o sentido da obra realizada por Sergio Rodrigues e seu grupo.”
Lúcio Costa, urbanista, citado pela Rede de Tecnologia do Rio de Janeiro (Redetec)
http://www.redetec.org.br/inventabrasil/sergcad.htm
“Naquela época (início de Brasília) não se tinha tempo de pensar em desenhar móvel nenhum. Nós usamos móveis correntes no mercado, selecionando como o Palácio exigia. O principal designer a quem solicitei móveis foi Sérgio Rodrigues.”
Oscar Niemeyer, arquiteto, citado pelo Blog da Conceição – Correio Braziliense
http://www.dzai.com.br/blog/blogdaconceicao?tv_pos_id=20817
“Ah, a Poltrona Mole! Quem nunca se sentou numa não sabe o que é…; perdão, na poltrona Mole não se senta, refestela-se, repimpa-se, repoltreia-se. É um regaço de jacarandá, tiras de couro e almofadas, que entrou para a história do mobiliário brasileiro na mesma época, e com a mais força expressiva, da Bossa Nova. Como também fez sucesso no exterior, com o nome de Sheriff Chair, as comparações com ‘Garota de Ipanema’ e Brasília não puderam ser evitadas. Um dos emblemas do fastígio cultural que o Brasil viveu nos anos JK – quando vencemos duas Copas do Mundo e inventamos um samba diferente, a revista ‘Senhor’ e o Cinema Novo –, a Poltrona Mole foi a resposta que tínhamos para dar à tirania de Bauhaus. Uma Garrincha de quatro pernas driblando o racionalismo teutônico.”
Sergio Augusto, jornalista, no jornal O Globo (1997)
Outros conteúdos relacionados a Sérgio Rodrigues
- Artigo sobre o lançamento do livro ‘Sérgio Rodrigues’ – O Estado de S. Paulo (2001) http://www.estadao.com.br/arquivo/arteelazer/2001/not20010103p3925.htm
- Entrevista com Sergio Rodrigues na galeria Espasso, em Nova York http://www.youtube.com/watch?v=fVvKO2HVfDU
- Livro “Design Brasileiro: quem fez, quem faz”, de Ethel Leon (Senac RJ, 2005) http://books.google.com.br/books?id=AvhqwSG6pggC&lpg=PA180&ots=LDx881uEH0&dq=sergio%20rodrigues%20moveis&pg=PA180#v=onepage&q=sergio%20rodrigues%20moveis&f=false
- Dissertação de mestrado “O Design na Indústria Moveleira Brasileira e Seus Aspectos Sustentáveis”, de Glória Lucía Rodríguez Correia de Arruda (Unesp, 2009) http://www.faac.unesp.br/posgraduacao/design/dissertacoes/pdf/gloria.pdf
- Bate-papo com a designer Geórgia Hauner na reabertura do Teatro do Paiol, em Curitiba (2010) http://www.curitiba.pr.gov.br/noticias/prosa-com-sergio-rodrigues-na-reabertura-do-teatro-do-paiol/20649
- Entrevista ao site Donna, da rede RBS http://www.clicrbs.com.br/especial/rs/donna/19,206,2931295,Sergio-Rodrigues-Nao-sou-designer-sou-arquiteto-mesmo-.html
- Perfil de Sérgio Rodrigues no jornal Valor Econômico (2010) http://www.itamaraty.gov.br/sala-de-imprensa/selecao-diaria-de-noticias/midias-nacionais/brasil/valor-economico/2010/07/16/no-conforto-das-formas
- Perfil na revista Época do criador do “trono bossa-nova” (2001) http://epoca.globo.com/edic/20010205/cult1a.htm
- Verbete na Wikipedia em inglês http://en.wikipedia.org/wiki/Sergio_Rodrigues
- Verbete na Enciclopédia Itaú Cultural de Artes Visuais http://www.itaucultural.org.br/aplicexternas/enciclopedia_ic/index.cfm?fuseaction=artistas_biografia&cd_verbete=5430&cd_item=1&cd_idioma=28555