Fernando Faro

Criador do programa Ensaio, da TV Cultura

“Eu só sei que, de repente, comecei a achar o erro bom e bonito. ‘Não, eu desafinei, dá para voltar?’, ‘Dá!’. Aí voltávamos. Mas eu deixava o erro.”

 

Vídeo indisponível.

 

Entrevista realizada no dia 19 de abril de 2010 no estúdio Cine & Vídeo, em São Paulo.

Fernando Faro é produtor musical, criador do antológico programa Ensaio, da TV Cultura. Nasceu em Aracaju (SE) e tem 83 anos. Desde os anos 60, cria e produz shows e programas de TV para artistas como Chico Buarque, Gilberto Gil, Caetano Veloso, Gal Costa e Elis Regina. Foi o criador do tom documental do Ensaio, que priorizava os closes em partes do corpo e rosto dos entrevistados. Ficou famoso também por incluir os erros de gravações na edição final, fazendo isso de forma simpática. Em 2007, para comemorar os 80 anos do produtor, a Fundação Padre Anchieta lançou a biografia de Faro, “Baixo”, cujo título é uma referência ao termo usado para chamar qualquer um à sua volta: “Ô, baixo!”

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Algumas imagens do programa Ensaio

Elis Regina (1973)Chico Buarque
Elis Regina e Chico Buarque, nos anos 70, em aparições no Ensaio

Trechos da entrevista

“Daí começou aquele negócio de fazer a pergunta sem ninguém ouvir e dar as respostas, porque eu estava com o Jorge [cinegrafista] na delegacia e tinha um microfone para ele – e eu não tinha microfone. Então eu fazia pergunta, ele respondia. Eu peguei o material e levei para a TV Paulista. Ouvi: ‘Pô, isso dá para usar, legal!’.”

“Eu vejo o artista como um ser humano e é isso que eu tenho a intenção de pegar nele, esta coisa humana. Então isso é que eu vejo. A gente tem que fazer a entrevista, a música, mas lembrando o seguinte: os dadaístas faziam aqueles congressos, aquelas reuniões nos bares ‘abaixo o Dada, viva a vida’.”

Palavras mais faladas na entrevista

Para que se tenha uma ideia do que foi dito e destacado pelo entrevistado, utilizamos um sistema de visualização chamado “Nuvem de Palavras”. Quanto mais vezes uma palavra é dita, maior ela aparece.

Palavras mais faladas

O que já disseram sobre ele

“Quem conhece o Baixo sabe: ele é o espírito do programa. Ver e ouvir os artistas falarem de si e cantarem é uma maneira de conhecer também a pessoa de Faro, seu jeito manso, doce, de nordestino bom de conversa, caminhando, bem do seu jeito, contra o vento, sendo fiel a si mesmo, nos dando lições da vida e da arte, sem pedantismo. Quem conhece o Baixo sabe: acabar com o Ensaio é como mandar demolir a Igreja do Bonfim e aterrar a praia do Porto da Barra, na Bahia. É proibir

a Mangueira de desfilar, e calar a voz da canção popular do Brasil. E a voz da canção popular é a nossa voz, apenas isso.”
Paquito, colunista de Terra Magazine (2010)
http://terramagazine.terra.com.br/interna/0,,OI4633852-EI6621,00-Em+defesa+do+Baixo+Sem+Ensaio+calase+a+cancao+popular.html

“Uma geração aprendeu a ver programas musicais pela TV ao estilo Fernando Faro. Assim, com close-ups em profusão, focos de luz, claro-escuro, música ao vivo e respostas sem perguntas. Nada de playback. Geralmente um artista, um banquinho e um regional, ou se preferir, um combo. Assim eu aprendi a ver programas musicais pela TV, a ouvir a música pela TV, a conhecer a história da música brasileira na intimidade, como se o artista estivesse falando ao meu ouvido, intimamente.”
Eduardo Weber, produtor da Rádio Cultura (2010)
http://www.culturabrasil.com.br/especiais/historias-da-musica-brasileira-por-fernando-faro

“E por que não dar, ao telespectador, não apenas o direito de conhecer as perguntas do entrevistador, mas também a possibilidade de ele entender melhor algumas respostas (…)? Proponho essa reflexão por estar convicto de que facilitar a vida o telespectador – evitando hermetismos excludentes, tentações de patota e lacunas inúteis – não significa necessariamente banalizar o programa, em termos estéticos ou culturais. (…) É possível, com certeza, facilitar a vida do telespectador sem prejuízo algum para o formato do Ensaio. (…) Trata-se, apenas e sempre, de tornar conteúdos bons mais acessíveis e, conotações negativas à parte, mais massificados. Não há no Brasil, a propósito, veículo de comunicação que cumpra esse papel de forma mais
eficiente que a televisão.”
Ernesto Rodrigues, ex-ombudsman da TV Cultura (2008)
http://www.observatoriodaimprensa.com.br/artigos.asp?cod=566VOZ003

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