Artista plástico, cineasta e fotógrafo
“Eu chamo de ‘cinema de cozinha’. É como fazer um pão, desde escolher a maisena, o ovo. [Pensar] quantos ovos dá certo, dá errado. E o que deu errado, às vezes, é o que vai ficar bom. Esta é a palavra: experimentar.”
Entrevista gravada no dia 12 de junho de 2010 no estúdio Cine & Vídeo, em São Paulo.
Cao Guimarães é fotógrafo, videoartista e cineasta. Nome central do cinema alternativo brasileiro, com produções independentes de baixíssimo custo e alta marca autoral. Antes de obter o título Master of Arts in Photographic Studies na Universidade de Westminster, em Londres, estudou jornalismo e filosofia em Belo Horizonte (MG), onde nasceu em 1965 e mora até hoje. Fez dezenas de curtas, como “Da Janela do Meu Quarto” (2004), e cinco longas-metragens, dentre eles “O Fim do Sem-Fim” (2001) e o recente “Andarilho” (2007), com exibições e prêmios em diversos festivais pelo mundo – Cannes, Sundance, Locarno, Veneza etc. Tem obras no acervo de museus como o Guggenhein Museum (NY), Tate Modern (Londres), Frankfurtem Kunstverein (Frankfurt), Galería La Caja Negra (Madri), entre outros.
- Site: www.caoguimaraes.com
- Blog: não tem
- Twitter: não tem
Alguns filmes produzidos por ele
Imagens dos curtas “Hypnosis” (2001) e “Da Janela do Meu Quarto” (2004) e do longa-metragem “Andarilho” (2007)
Trechos da entrevista
“O que existe hoje, em termo de cinema, são pouquíssimas salas – infelizmente – em que existe uma programação de filmes realmente de arte, de filmes mais originais. (…) Porque se você vai num cinema de shopping, você sai do cinema e já está bombardeado pelo mundo do consumo, e aquele filme vira um produto na sua cabeça. Antigamente, eu ia num filme e depois ficava horas perdido no centro da cidade à noite, às vezes saía com algum outro espectador.”
“[Escolas de arte] são perigosas porque eu acho que a graça das obras que me influenciaram, que me tocavam, estava justamente na necessidade fulminante do artista de dizer alguma coisa. Não existe fórmula. A escola é geralmente, a princípio, uma coisa para te dar fórmulas, educação para fazer uma coisa. E a arte é, a princípio, sem educação. (…) O perigo da escola é de ensinar o que é o certo.”
Palavras mais faladas na entrevista
Para que se tenha uma ideia do que foi dito e destacado pelo entrevistado, utilizamos um sistema de visualização chamado “Nuvem de Palavras”. Quanto mais vezes uma palavra é dita, maior ela aparece.
O que já disseram sobre ele
“O circuito comercial de cinema tem dessas distorções. Um cineasta como Cao Guimarães, que soma cinco longas-metragens e ‘uns 20 curtas’, segundo o próprio, tem visibilidade zero entre o público não frequentador de festivais. Dono de estilo único, expressivo, desafiador, sem se enquadrar em gêneros nem formatos, o mineiro Cao é mais conhecido pelo nome do que pela obra. Muita gente já ouviu falar dele, mas pouquíssimos assistiram a seus filmes.”
Marcelo Miranda, jornalista, em reportagem no jornal O Tempo (2010)
http://blogpolvo.blogspot.com/2010/02/cao-guimaraes.html
“O trabalho de Cao Guimarães sempre lidou com a presença residual das coisas. Em seus filmes, já trabalhou com formas de vida que dão de ombros às mudanças na história e fotografou objetos que não aceitam o desgaste que sofreram com o tempo. Aqui ele trata da presença residual de elementos que em geral tendemos a ignorar, mas não conseguimos. Algo que persiste e se torna estranho a percepção de quem sempre passa com pressa pelas coisas.”
Revista Dasartes (2009)
http://guaciara.wordpress.com/2009/06/19/caoguimaraes/
“Em ‘Andarilho’, eles deliram. A fala escapa, se desgarra para regiões em que a linguagem se rarefaz. Andar e delirar e, ao fazê-lo, falar uma linguagem errante, que torneia os assuntos e objetos, mas que se desprende, escapando sem cessar ao entendimento (ao meroentendimento). Aqui, também as imagens deliram. Ganham uma temporalidade distendida, dilatada. Imagens-miragem, nascidas do encontro com o calor do asfalto e da terra vermelha.”
André Brasil, jornalista e professor da PUC-MG, na revista Cinética (2007)
http://www.revistacinetica.com.br/aboioandarilho.htm
Outros conteúdos relacionados a Cao Guimarães
- Entrevista à revista Contracampo (sem data) http://contracampo.com.br/81/artentrevistacaoguima.htm
- Texto sobre o filme ‘Word/World’ (2001), parte de exposição no Instituto Inhotim http://www.inhotim.org.br/arte/texto/de_parede/287
- Entrevista ao Itaú Cultural sobre a exposição Primeira Pessoa (2006) http://www.youtube.com/watch?v=Q25gl3HujXY
- Análise sobre o filme “Limite” (1930), de Mário Peixoto, o cineasta brasileiro que mais influencia Cao Guimarães http://www.mariopeixoto.com/limite.htm
- Crítica dos curtas “Da Janela do meu Quarto” e “Rua de Mão Dupla” na revista Rua, da UFSCar http://www.ufscar.br/rua/site/?p=2879
- Perfil na Wikipedia http://pt.wikipedia.org/wiki/Cao_Guimar%C3%A3es