Diretor do Teatro Oficina
“Eu não sou patriota, eu não sou nacionalista, eu gosto do Brasil como o Glauber escrevia, com ‘zy’, ‘Brazyl’, um Brazyl exatamente porque o Brasil tem um povo internacional, uma mistura de todos os povos do mundo”
Entrevista realizada no dia 15 de maio de 2010 no estúdio Cine & Vídeo, em São Paulo.
José Celso Martinez Corrêa é um dos principais diretores da história do teatro brasileiro, fundador do Teatro Oficina. Nasceu em 30 de março de 1937 em Araraquara (SP) e estudou na Faculdade de Direito da USP, no Largo São Francisco. Seus primeiros textos, “Vento Forte para Papagaio Subir” (1958) e “A Incubadeira” (1959), ambos autobiográficos, foram montados pelo Oficina, ainda amador, sob a direção de Amir Haddad. Participou ativamente da resistência artística contra a ditadura militar – em 1967, encenou a montagem histórica “O Rei da Vela”, de Oswald de Andrade, e, em 1968, fez parte do elenco de “Roda Viva”, de Chico Buarque. Suas opções estéticas, alinhadas à antropofagia dos modernistas e à crença no deus grego Dionísio, influenciam a cena teatral brasileira desde então.
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Algumas peças montadas por Zé Celso
Cenas de “O Rei da Vela” (1957), “Roda Viva” (1968), “Os Sertões” (2002) e “As Bacantes” (2010)
Trechos da entrevista
“No primeiro nascimento a gente vem da barriga da mãe e recebe aquela educação, aquela coisa toda. Agora tem o segundo que é você quem nasce, você que se batiza, é você que é você. E tem depois milhares de mortes e nascimentos a vida toda, você não para de morrer – até hoje, eu tenho 73 anos, mas eu morro todos os dias e renasço todos os dias: um belo banho, uma bela maconha e um belo guaraná em pó.”
“A minha geração foi primeiro para o Stanislavski porque ficou apaixonada pelo ar, pelo estúdio, pelo Marlon Brando, pela Vivian Leigh e queria quebrar os clichês, tirar do corpo aquele vodu pequeno burguês de terno e gravata, etc, etc, etc, mas ela foi acontecer somente e exatamente quando a gente redescobriu Oswald de Andrade e depois o ‘Roda Viva’, que, para mim, é a mesma peça.”
Palavras mais faladas na entrevista
Para que se tenha uma ideia do que foi dito e destacado pelo entrevistado, utilizamos um sistema de visualização chamado “Nuvem de Palavras”. Quanto mais vezes uma palavra é dita, maior ela aparece.
O que já disseram sobre ele
“Durante cerca de uma década, década excepcionalmente efervescente, José Celso foi, provavelmente, a personalidade criativa mais forte do teatro brasileiro; foi, em todo o caso, o encenador mais aberto a ideias ousadas e sempre renovadas, e capaz de realizar, a partir delas, espetáculos surpreendentes, generosos, provocantes, excepcionalmente inventivos. Sua atuação, nessa época, marcou não só o teatro nacional – ‘Pequenos Burgueses’, ‘O Rei da Vela’ e ‘Na Selva das Cidades’, pelo menos, têm lugar garantido e importante na história desse teatro – como também a arte brasileira em geral. Durante esse tempo, ele foi um divisor de águas, um ponto de referência e uma fonte básica de influências.”
Yan Michalski, crítico de teatro.
“Xamã é a função que Zé Celso exerce na comunidade teatral brasileira. Aglutina forças vitais, evoca os deuses e espíritos da devoção dos cidadãos, provoca a libido, incita à desobediência.”
Aimar Labaki, dramaturgo, no livro “Folha Explica José Celso Martinez Corrêa” (Publifolha, 2002)
http://www1.folha.uol.com.br/folha/ilustrada/ult90u446050.shtml
“O Teatro Oficina é mais que um lugar, é uma localização: é uma passagem no fio da história, vivendo intensamente o presente e projetando o passado para o futuro. Este terreiro, fincado no Bexiga, cobiçado pelo capital vídeo-financeiro, incorpora não só a história do teatro brasileiro, mas a história do Brasil e das entidades que ali se manifestaram.”
Vera Malaguti, socióloga, e Nilo Batista, jurista, em carta a Gilberto Kassab (prefeito de SP), José Serra (governador de SP) e Lula (presidente da República) (2010)
http://teatroficina.uol.com.br/menus/45/posts/337
Outros conteúdos relacionados a Zé Celso
- Entrevista ao programa Roda Viva – TV Cultura (1988) http://www.youtube.com/watch?v=df4RpmJhhBk
- Entrevista a Cacá Rosset no programa Cadeira de Barbeiro – TV Manchete (1988) http://www.youtube.com/watch?v=vHJN6JyIoHQ
- Manifesto “O Rei da Vela”, panfleto distribuído em 1967 http://www.fafich.ufmg.br/manifestoa/pdf/oreidavela
- Cacilda Becker fala à TV Tupi sobre a agressão aos atores de “Roda Viva” (1968) http://www.youtube.com/watch?v=Y3AtnMGFXj0
- Manifesto “Merda”, contra a construção do shopping de Silvio Santos no Bixiga http://www.youtube.com/watch?v=jFXusUIhHBY
- Apresentação de “Comida e Bebida”, música do espetáculo “As Bacantes” (1996), em parceria com José Miguel Wisnik http://www.youtube.com/watch?v=1YnuZdGoR3Q
- Documentário DNA 50 Anos http://www.youtube.com/watch?v=gM0JnqwK880
- Fotos da 35ª Caravana da Anistia, que indeniza Zé Celso pelos danos causados durante a Ditadura Militar – Estadão (2010) http://blogs.estadao.com.br/olhar-sobre-o-mundo/ze-celso-irreverencia-solene/
- Verbete na Enciclopédia de Teatro do Itaú Cultural http://www.itaucultural.org.br/aplicexternas/enciclopedia_teatro/index.cfm?fuseaction=personalidades_biografia&cd_verbete=776
- Perfil na Wikipedia http://pt.wikipedia.org/wiki/Jos%C3%A9_Celso_Martinez_Corr%C3%AAa